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“O 3 é IGUAL ao 2”

“3 é igual a 2, porquê o 2 está dentro do 3”.

Essa frase foi dita por uma criança de 4 anos, que está começando a utilizar a linguagem matemática para ampliar sua compreensão do mundo. Esse diálogo aconteceu enquanto ela estava escolhendo quantas e quais crianças estariam junto com ela na brincadeira.

Começou contando com seus 2 melhores amigos do momento, estes eram certos que estariam na brincadeira, mas havia outras crianças que também queriam brincar junto, mas ela estava reflexiva, contava:
“um é você, dois é ele, três é ele”.
O amigo que era o dois falou:
“não, tem que ser dois”
E ele respondeu, mais inclinado a adicionar o terceiro elemento ao grupo, como que tentando convencer que quando tem 3, também tem 2.
“3 é igual a 2, porquê o 2 está dentro do 3”.

É um lógica própria da infância, muitas vezes para o nosso pensamento mais sólido é difícil ouvir que 3 é igual a 2 e não pensar em corrigir a criança, de fato essa primeira sentença da frase não é verdadeira, 3 não é igual a 2, porém a segunda parte da frase faz completo sentido, o número 2 realmente está dentro de um conjunto de 3.

O nosso anseio por retificar e buscar a perfeição lógica do pensamento oprime que diálogos como este aconteçam naturalmente, frases como estas demonstram como o conhecimento vai sendo construído na criança, como pouco a pouco ela vai, com ou sem a nossa orientação, retificando e aprimorando o seu raciocínio na medida em que se depara com problemas mais complexos.

A grande diferença está no nosso posicionamento diante dessas situações, podemos logo corrigi-la, ou podemos silenciar, estar presentes e observar se naquele momento, para aquela situação, a nossa intervenção é necessária. A diferença está em compreender se a nossa intervenção é construtiva, se ela cria autonomia no aprendizado ou se cria dependência de ensino.