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Problemas fragmentados geram conhecimento fragmentado

Uma dúvida que SEMPRE escuto das pessoas que conhecem a aprendizagem autodirigida é algo como:

“Será que a criança não deveria aprender primeiro o básico para depois criar seus próprios projetos?”

Pergunta muito pertinente, afinal, foi assim que nós aprendemos, com pequenos fragmentos de conhecimento, separados em etapas, anos, áreas, disciplinas, conteúdos, aulas e tarefas.

Além de fragmentar o conhecimento, também aprendemos que ele é ordenado, do mais básico para o mais complexo e não se pode acessar aquilo que é mais complexo antes de ser aprovado naquilo que é mais básico.

Seguimos tratando a construção do conhecimento segundo o modelo de linha de montagem industrial.

O problema é que «seres humanos não são como carros sendo montados»

Resolver problemas fragmentados gera um conhecimento fragmentado. Os estudantes ficam sem entender porque estão resolvendo aquele problema ou como podem aplicar aquele conhecimento em outras situações da sua vida.

Na aprendizagem autodirigida, quando os aprendizes desenvolvem as atividades dos seus interesses, os conhecimentos com que se deparam seguem uma linha singular.

Confesso que quando observei pela primeira vez, tudo parecia desconexo e bagunçado, até que fui entendendo com outras observações que o conhecimento vai sendo construído seguindo uma linha particular de cada um, o que torna todo aquele conhecimento significativo e interconectado.

Criando seus próprios projetos, muitas vezes as crianças se deparam com conhecimentos complexos e então descobrem que tem que aprender o básico, mas aprendem o básico com consciência de para que aquilo será útil.

Além do aprendizado se tornar significativo, interconectado e conscientemente útil, ainda há uma grande vantagem comportamental, plantamos nas crianças que elas são capazes de fazer, que podem experimentar, encontrar seus caminhos para se desenvolverem. Trocamos a sensação de “vir-a-ser” ou de “preparar para o futuro” para um sentimento de “ser-estar presente”.

Reinventar a escola é reconhecer que o conhecimento não é apenas a soma de um conjunto de conceitos.