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Seus alunos só estudam para a prova?

woman studying inside the classroom

Tenho recebido muitas notícias, estudos e comunicados com a temática do engajamento dos alunos em sala de aula, esse sempre foi um assunto recorrente, mas aparentemente nesse momento pós pandemia, fechamento e reabertura das atividades presenciais da escola, essa preocupação se intensificou.

Como engajar os alunos? Como criar aulas mais interessantes? Como tornar seu ensino mais envolvente? Que metodologias são as promessas da educação do futuro?

Eu amo descobrir e explorar esses estudos e metodologias, gosto mesmo de me aprofundar e compreender como tais pesquisadores e inventores chegaram as conclusões sobre o engajamento dos aprendizes no seu processo de desenvolvimento e sempre que encontro tais informações para além dos ‘pacotes de inovação educacional’ chego a conclusões convergentes: a motivação está ligada ao interesse interno e em ausência de avaliações de resultado.

Outro dia, conversei com uma adolescente de 16 anos que comentou que tem vários professores que propõem atividades diferentes, experiências, debates, construções coletivas, momentos onde eles podem expressar sua individualidade e se conectar com o conhecimento de forma mais ativa, mas que essas propostas não fazem muita diferença, na prática o que vale são as respostas da prova, se você responder certo na hora do experimento, ou se sair bem num debate, não importa, o que vale é o que está escrito.

É claro que atividades mais ativas e vivenciais são mais promissoras para o aprendizado do que aulas teóricas e expositivas, porém é relevante pensar que a energia vital é um recurso limitado no indivíduo, que pode ser renovável, mas ainda assim é limitada, e sendo um recurso limitado é preciso gerenciar seu gasto, se uma criança gasta energia (em forma de atenção, foco, sinapses, memória) com uma atividade, sobrará menos energia para a outra. Aos poucos as crianças vão aprendendo na escola quais atividades valem a pena gastar sua energia e quando nós educadores mostramos que ‘o que importa é a nota da prova’, é esperado que as crianças, espertas como são, vão focar em gastar sua energia para estudar para a prova.

Acertar a resposta, da maneira como o professor deseja, na hora da prova. Esse é o foco, não é necessário prestar atenção nas aulas, nem responder no quadro, nem fazer os exercícios, nem participar das conversas, nem interagir e nem mesmo aprender. A gente pode também se iludir acreditando que para acertar as questões da prova é preciso compreender daquele conhecimento, mas não é, também se pode compreender momentaneamente e dias depois da prova… Esquecer.

Os alunos não estudam só para as provas porquê não se importam em aprender, eles são ótimos aprendizes, aprenderam quais são os objetivos que nós estabelecemos e focaram em atingir esses objetivos.

Somos nós, educadores, gestores, coordenadores, familiares e administradores públicos que intencionalmente super valorizamos os resultados das provas e desvalorizamos as evidências de aprendizado que ocorrem nos diálogos, nas interações, nas experimentações, nas pesquisas, nas explorações, nas brincadeiras, nas criações e em todos os momentos da vida.

Portanto, se você deseja que seu aluno não estude só para a prova ou que ele esteja engajado no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento, valorize todos os componentes desse processo como fontes para a avaliação de aprendizagem. Essa avaliação também deve servir mais para nós aperfeiçoarmos nossa escola para melhorar o aprendizado do que para julgar o processo de aprendizado no indivíduo, mas isso é assunto para outro texto.

Nossas escolhas e ações tem uma intenção, esteja consciente das intenções das suas ações no processo educativo, essa é a chave da reinvenção da escola.

1 comentário em “Seus alunos só estudam para a prova?”

  1. Pois é, alunos se preocupam, se estressam com a prova, canalizam mais energia para ela porque além de tudo isso que vc maravilhosamente apontou acima, a prova é o momento que escancara, por meio de uma avaliação fria, unilateral, inflexível, única e numérica, o julgamento dos adultos sobre a performance e capacidade dos alunos.
    E por mais que diversas escolas procurem inserir em paralelo outras formas de avaliação continuada, no final das contas o que importa para a socidade é: Passou com quanto?

    Dizem que provas preparam pro vestibular, ainda que esse pensamento não fosse questionável, o próprio vestibular é um formato em decadência.

    Então mesmo quando não tem prova tem nota. 😦

    A nota final é uma necessidade do adulto de mensurar o quão bom é um indivíduo comparado com os outros e com os padrões esperados.
    Nota 10 dá a falsa sensação de que não tem mais por onde o aluno melhorar e nota baixa traz a falsa sensação de incapacidade, sendo que todos podem evoluir e todos deveriam ser valorizados dentro da riqueza do conjunto de suas capacidades.

Comentários encerrados.