É consenso afirmar que uma criança aprende a partir do que “você é” mais do que por aquilo que “você fala”, sendo assim, nós educadores nos colocamos a refletir sobre nossas posturas diante dos aprendizes.
Devemos ser a imagem daquilo que gostaríamos que as crianças e adolescentes que acompanhamos se tornassem?
A resposta é: Não!
E essa é mais uma armadilha do pensamento escolarizado, acreditar que somos uma imagem a ser seguida, um exemplo de postura e personalidade, com nossa dedicação ao trabalho, nosso comprometimento, nossa ética, nossas boas ações, vamos inspirar que os aprendizes se aperfeiçoem até se tornarem adultos semelhantes a nós.
Calma! Não jogue fora tudo o que você acredita inspirar o mundo, de fato nossa postura no mundo inspira por si só, nossa forma de existir influencia a nossa volta de inúmeras formas.
A questão é que não podemos ser, no presente, o exemplo do que queremos no futuro. Precisamos adotar uma postura que inspire o momento presente dos aprendizes, para que assim eles tenham experiências e vivências favoráveis a construção dos futuros adultos que sonhamos (e esses adultos não são a imagem-semelhança de nós).
Nosso papel é compreender quais experiências, posturas e situações favorecem essa construção e acompanhar os aprendizes com segurança nessa jornada.
Consigo pensar em diversas atitudes que facilitam a edificação desse ser, mas com certeza essa lista começa com “ser um adulto aprendente”. Um aspecto que muda a chave da postura padrão dos educadores, a imagem de um professor que professa sua sabedoria acabada está em decadência, estar aberto a aprender o tempo todo, reconhecer-se como ser incompleto e apresentar-se disposto a sempre construir mais conhecimento junto com seus aprendizes é, além de muito inspirador, um alívio.
É como trocar uma mochila cheia de peso por “ter que saber as respostas” por uma bicicleta que torna sua caminha leve e ágil “em busca das respostas” junto com seus aprendentes.
Os adultos do futuro não podem ser como você é, seu tempo de ser adulto será outro, para educar esses adultos para os seus futuros incertos, o melhor que podemos fazer é inspirá-los a aprender o tempo todo.