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A evolução do raciocínio aprendendo a jogar xadrez

Quero compartilhar minha experiência com o jogo de xadrez e várias crianças que estão aprendendo o jogo e aliado a isso também desenvolvendo diversas outras habilidades através dele.

Algumas semanas atrás quando o jogo chegou na prateleira do espaço que atuo uma criança me pediu para ensiná-la a jogar, mostrei os movimentos das peças e jogamos uma partida, depois ela chamou outra criança para jogar e pediu para que eu acompanhasse elas jogando e foram me perguntando sobre as regras e os movimentos.

No outro dia já estavam jogando sozinhas e me pediam ajuda apenas para alguns momentos durante o jogo.

Outras crianças se interessaram pelo jogo e até teve fila de espera para jogar.

Nos dias seguintes algumas delas me pediram para jogar com elas, mas queriam que eu “pegasse leve” hehe ou que eu deixasse que elas me dessem o xeque-mate. Minha estratégia foi deixar que eles voltassem suas jogadas quando percebiam algum erro, sendo que eu não poderia voltar, fazendo isso fui compensando a diferença de experiência minha e delas no jogo sem fingir que deixava eles ganharem.

E nos dias que se passaram a curva de aprendizagem deles foi incrível, começaram a formular hipóteses de causa e consequência (se eu fizer isso, você faz isso, mas acontece aquilo) e também analisar probabilidades, estatísticas e análises de valor (posso perder meu pião se eu ameaçar sua rainha por exemplo).

Além de toda a lógica-matemática envolvida também tivemos muitas questões do tipo:
“Porque algumas peças valem mais que as outras?”
“Porquê as brancas sempre começam? O xadrez é um jogo racista?”
“As vezes a gente tem que sacrificar algumas peças pra salvar o mais importante” #criancasfilosofas

Com o passar do tempo os jogadores mais interessados foram melhorando seus jogos, fui diminuindo a quantidade de vezes que eles podiam voltar as jogadas, até não poderem mais voltar e jogarmos de igual para igual.

Esse aprendizado não é só sobre xadrez, mas sobre como o xadrez foi uma ferramenta para se aprender diversos outros conceitos e habilidades.

O xadrez é visto como um jogo intelectual e por isso pode parecer mais aceitável jogar xadrez em um espaço educativo, mas a verdade é que todo esse aprendizado também pode ser observado em diversos outros jogos, brincadeiras, atividades ou projetos que a primeira vista podem parecer tolos para nós. Nesses momentos vale lembrarmos sobre como a motivação interna faz com que as experiências de aprendizagem se tornem muito mais eficazes, não julgarmos os interesses das crianças, apoiarmos suas motivações e confiarmos nos caminhos singulares que o aprendizado pode seguir é encantador.

Permita-se encantar com os caminhos brilhantes que o aprendizado livre pode seguir.