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Aprendizados seguem o ritmo da curiosidade

– Tem como consertar esse celular?
Essa foi a pergunta motriz que originou diversas experiências e aprendizados.

Me mostrou o celular com a tela rachada e aproveitou para perguntar o que era aquela peça redondinha que ficava em cima da tela, do lado da câmera frontal, que ficou exposta porquê a tela estava rachada.

Falei que não valeria a pena consertar o aparelho e perguntei se elas queriam desmontar pra ver como é o celular por dentro.

Depois de alguns parafusos bem pequenos conseguimos separar a tela da placa principal e então aquela curiosidade simples de saber o que era aquela pequena peça se ampliou para muitas outras peças que apareceram.

A câmera, o microfone, os botões do volume, a luz do flash, esses foram fáceis de identificar, mas e os outros que a gente nunca tinha visto.

– O que é isso? Me perguntou apontando.
– Eu não sei, tem alguma coisa escrito nele?
– Tem umas letrinhas.
– Vamos pesquisar então.

Lá fomos nós para o Google digitar “KMR820001M”, os primeiros resultados apareceram em inglês mas com algumas imagens que deram a elas a certeza que encontraram: Era uma memória de 16GB, expliquei a elas que ali ficavam guardados as fotos, vídeos e todos os outros tipos de arquivo que tem no celular, elas alternavam o olhar para mim e para aquele retângulo cinza com uma cara de intrigadas com todas aquelas novas informações.

Uma hora me empolguei na explanação falando das diferença entre a memória RAM e o HD, mas logo percebi que elas mudaram de foco e desliguei o “professor palestrinha” que habita em mim.

Passaram cerca de 30 minutos de uma relação de perguntas, respostas, propostas, experimentos, pesquisas, análises e conclusões. Uma relação construída a partir de uma curiosidade simples, que foi se ampliando a medida que o interesse genuíno foi aumentando.

O mais legal foi perceber a importância de não forçar o interesse, o aprendizado não é esForçado, acontece nessa dança entre a curiosidade e a apresentação das possibilidades, porém quando o interesse acabou, guardamos as ferramentas, separamos o lixo eletrônico e finalizamos o experimento. Mas algo permaneceu, outro dia observei uma delas olhando bem de pertinho a entrada USB do celular da sua mãe e depois por de trás de uma caixa de som antiga e veio me falar:
– Tem uma pilha gigante dentro do rádio do pai e tem aqueles códigos também.

Para criar melhores experiências de aprendizagem, preste atenção nas sutilezas da relação aprendiz-educador. Tudo é importante: a pergunta, a curiosidade, a resposta, a proposta, o olhar, a ferramenta, o fuçar, a atenção, o foco, a emoção.

Estar atento a todos esses pontos é o que nos tornará educadores insubstituíveis.