Parece óbvio pensar que o objetivo da educação organizada, atividade exclusivamente humana, seja o desenvolvimento humano. Mas é fato que pensar em priorizar o desenvolvimento humano ainda é algo muito recente na história da nossa espécie. Investir em educação com foco em desenvolvimento humano é ainda mais inovador do que parece.
Tenhamos como base documentos como Declaração Universal dos Direitos Humanos tem apenas 72 anos, mais recente ainda é a Declaração dos Direitos da Criança que foi publicada há 61 anos.
Nós costumamos pensar que ideias amplamente difundidas também são amplamente compreendidas e praticadas. Ideias como:
- Praticar uma educação que respeita a infância.
- Valorizar os sentimentos e condições da criança.
- Entender a importância da autonomia para o desenvolvimento.
- Priorizar o desenvolvimento humano acima da preparação para o mercado de trabalho.
Nesse trecho do livro “Educação: um tesouro a descobrir” (1996) que aponta os princípios para a educação no século XXI, aponta-se essa mudança de postura:
“Um dos principais papéis reservados à educação consiste, antes de mais, em dotar a humanidade da capacidade de dominar o seu próprio desenvolvimento. Ela deve, de fato, fazer com que cada um tome o seu destino nas mãos e contribua para o progresso da sociedade em que vive, baseando o desenvolvimento na participação responsável dos indivíduos e das comunidades. (…) A educação não serve, apenas, para fornecer pessoas qualificadas ao mundo da economia: não se destina ao ser humano enquanto agente econômico, mas enquanto fim último do desenvolvimento.”
Mas muitas vezes caímos na ilusão de naturalizar esses “sentimentos” socialmente construídos. A realidade é que ainda temos muito a fazer, estudar, compreender, descobrir, imaginar, experimentar e constantemente reinventar a educação para que tais ideais e sentimentos façam parte da prática coletiva, não somente do inconsciente coletivo.