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Ensinamentos que se fazem sem ensinagem

Se até algumas décadas atrás o acesso ao conhecimento estruturado se dava principalmente através dos livros e da escola, hoje com a grande expansão e popularização da internet, a maioria das crianças e jovens já estão acostumados a buscar informações e respostas para suas dúvidas através de buscas virtuais.

Somado a isso, habilidades como a criatividade, inovação, comunicação, pensamento crítico, convivência e inteligência emocional contribuem para a necessidade de transformar a educação, fazendo com que as atividades escolares realmente façam sentido na vida dos aprendizes e colaborem para a sua realização pessoal.
Essas aprendizagens, muitas vezes apresentadas como soft skills nos estudos sobre educação, tem uma característica em comum, são difíceis de serem avaliadas pontualmente e ensinadas teoricamente, são habilidades que se desenvolvem continuamente e progressivamente através das relações e posturas que temos, que consequentemente constroem a cultura dos nossos espaços educativos e influenciam diretamente na construção da personalidade dos aprendizes.

A metáfora da planta que se desenvolve bem quando tem em seu ambiente as condições favoráveis ao seu desenvolvimento é utilizada há mais de um século para a compreensão da importância do meio no crescimento da criança.

Se uma planta tem um ambiente rico de nutrientes, fornecemos a ela os cuidados necessários, protegemos ela das pragas e permitimos que ela cresça a partir do seu próprio impulso natural, o resultado será uma planta bem desenvolvida, saudável e próspera. Agora, se durante o seu crescimento percebemos alguma dificuldade, como folhas que secam ou insetos que a devoram, é nossa responsabilidade enquanto cultivadores dessa planta tomar providências, de nada adianta culparmos a planta ou apontarmos a culpa para agentes externos, para corrigir tais defeitos e melhorar seu desenvolvimento nós precisamos observar, compreender e fazer as modificações necessárias no ambiente em que essa planta cresce, permitindo assim que ela se
desenvolva naturalmente.

Não é a toa que chamamos os espaços educativos das crianças pequenas de “jardins da infância”, influência do seu criador e defensor Friedrich Froebel, que posteriormente foi reforçado por Maria Montessori e tantos outros estudiosos dessa relação. Hoje, uma das grandes referências em inovação educacional é o laboratório Lifelong Kindergarten (Jardim de Infância para Vida Toda) do MIT, que defende exatamente que a cultura da curiosidade, experimentação, exploração, criação, materiais disponíveis, tempo livre, possibilidade de escolha e tantos outros conceitos dos ambientes do jardim da infância sejam cultivados ao longo de toda a vida do aprendiz.

O ponto chave desse tema é refletir se o seu ambiente escolar está próspero para cultivar as habilidades do futuro e compreender que a nossa postura exerce grande influência nesse ambiente.

Além disso, compreender que nosso olhar, nossa fala e nossa postura em relação as crianças e adolescentes com quem atuamos é mais importante na educação para o século XXI do que aquilo que sabemos ou ensinamos, o que torna urgente transformar a forma de nos relacionarmos nesses espaços.