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“Estou impressionado com essa escola”

Depois de 5 meses ajudando a preparar o Espaço Educativo Samambaia recebemos algumas crianças, depois de uma semana perguntei a uma delas, que está com 7 anos:
“O que você está achando do espaço?”

E ele me respondeu com os olhos brilhando:
“Estou adorando vir aqui! Estou impressionado com a quantidade de jogos e brinquedos que posso usar, eu já fui para escola mas tinha tudo dividido, tinha hora de brincar, hora de comer, hora de aprender e assim separado era difícil.”

Essa fala nos mostra o quanto a integração das atividades é mais encantadora do que a sua segmentação e por ser mais encantadora, proporciona um melhor desenvolvimento, um aprendizado mais significativo.

Fiquei pensando sobre o propósito da segmentação das atividades, dos conteúdos e das pessoas dentro do sistema escolar. Quando foi criado seu foco sempre foi a instrução, a transmissão de conteúdos e a avaliação da memorização destes conteúdos. Dividindo as crianças fica mais fácil de controla-las, dividindo as disciplinas fica mais fácil de organizar as aulas, dividindo os horários fica mais fácil manter a ordem. Resumindo, a segmentação otimiza o controle.

Mas otimizar o controle melhora a aprendizagem?

Será que estes princípios ainda nos servem? E se não nos servem, porque ainda nos apegamos a eles, acreditando que são a maneira certa de se educar?

O princípio do controle está muito enraizado na nossa cultura como algo positivo, se eu controlo a situação significa que tenho domínio sobre o rumo das atividades e posso administrar este rumo no sentido do sucesso. Isso parece fazer sentido, mas será que funciona de verdade para o processo de aprendizagem?

Há décadas vem se estudando que este controle pode até otimizar superficialmente a educação, porque aparentemente otimiza a transmissão de conteúdos, porém otimizar o ensino não significa otimizar a compreensão ou até mesmo a retenção destes conteúdos na nossa memória.

A segmentação que é criada para melhorar o controle não é eficaz para o aprendizado porquê ela não leva em consideração alguns fatores primordiais para que o entendimento, a compreensão e a construção do conhecimento aconteçam, estes fatores primordiais são condições individuais do aprendiz, suas emoções, seu conhecimento prévio, suas experiências, seus interesses e suas necessidades.

Estas condições individuais, justamente por serem tão singulares, não se encaixam em um sistema que busca tratar todos como iguais. Submeter seres singulares a condições genéricas torna todos seres medíocres.

Reinventar a escola é permitir que cada um dirija o seu próprio aprendizado, é necessário claro estabelecer limites claros de onde não ir, estes limites servem para dar segurança ao aprendiz, mas o caminho mais eficaz para o aprendizado é aquele em que se permite escolher entre os milhares de rotas possíveis, guiadas pela emoção, desejos e necessidades do aprendiz.