O que precede o aprendizado autodirigido?
Quais as competências e habilidades são necessárias para que o desenvolvimento autônomo aconteça?
O que é necessário desenvolver para permitir ao aprendiz guiar e movimentar seu próprio aprendizado?
Uma vez que compreendemos que o aprendizado é um processo que se desenvolve espontaneamente no ser humano, observado desta forma espontânea principalmente no período anterior a escolarização, quais são os princípios envolvidos na escolarização que impedem que o aprendizado se desenvolva de forma natural e o que podemos fazer para permitir aos aprendizes se reconectarem a essa vitalidade aprendente que esteve presente na sua fase anterior.
Entender essas características nos permite analisar os princípios e a prática do nosso espaço educativo (seja ele uma instituição, uma sala de aula ou uma disciplina isolada) e compreender melhor como possibilitar aos aprendizes serem mais aprendentes.
Já observei diversas crianças, adolescentes e adultos em ambientes ricos de possibilidades de aprendizado, repletos de ferramentas, materiais, pessoas e atividades, muitas vezes esse ambiente continha inclusive aquilo que era do interesse pessoal do aprendiz, além disso havia tempo e autorização para explorar e experimentar nesse espaço, educadores disponíveis para apoiar no que fosse necessário mas, ainda assim, o processo de aprendizagem não fluía.
Não ser direcionado a fazer nada e decidir dar início a uma atividade requer coragem.
Coragem que só se adquire quando nos sentimos seguros o suficiente para sair da zona de estagnação.
Segurança individual e também segurança coletiva, que podemos chamar de confiança.
Confiança essa que nos permite experimentar, acertar ou errar, mas persistir experimentando com apoio do outro independente do resultado, que nos torna resilientes.
Enfim, para que o aprendizado autodirigido aconteça é preciso ter coragem, que acontece quando nos sentimos seguros, confiamos nos outros, nos tornamos resilientes e assim melhoramos nossa autoestima.
Mas como melhorar a autoestima daqueles aprendizes que estão estagnados?
- É preciso crer que são capazes de movimentarem seu próprio aprendizado, se os observamos como incapazes, caímos na armadilha de tentar capacitá-los direcionando sua atenção e esforços para aquilo que acreditamos ser necessário. Se acreditamos que serão capazes de iniciar seu próprio movimento de aprendizagem, vão sentir a nossa confiança e isso os deixará mais seguros para experimentarem começar.
- Dar tempo e espaço, dar atenção e investigar as causas da baixa autoestima. Nós nascemos seguros de que o ambiente e as pessoas ao nosso redor vão nos proteger, por isso nos desenvolvemos naturalmente. Quanto mais crescemos, vamos nos tornando mais inseguros perante a avaliação, comparação e julgamento do outro, esse ambiente competitivo vai estagnando nosso impulso aprendente.
Em resumo, o que torna um espaço de aprendizado propício para o desenvolvimento autônomo é, antes de mais nada, o sentimento de sentir-se seguro por ser quem é.