Essa ideia fervilhou meus pensamentos e foi um desafio sintetizá-la em um texto.
Eu amo pensar na relação do ‘trabalho’ x ‘tecnologia’ x ‘ensino-aprendizagem’ de cada tempo sociológico. Aprendi muito sobre isso nos livros do Domenico de Masi “O ócio criativo” e “O futuro chegou”.
Por exemplo, na Grécia Antiga repudiava-se o desenvolvimento tecnológico, acreditando que já haviam inventado tudo que era necessário e que deveriam se focar nas ciências humanas, pudera havia um número descomunal de escravos para cada “cidadão livre”, essa abundância de mão de obra fazia os poderosos negarem a importância de desenvolver melhores ferramentas para facilitar o trabalho.
Mais recentemente com a revolução industrial, a educação seguiu os moldes do trabalho desta época: massificação, padronização, escalabilidade, linearidade… Educava-se preparando para o mercado de trabalho, trabalho que era predominantemente baseado em receber instruções e realizá-las até um padrão de qualidade esperado.
Hoje, numa era pós-industrial e de tecnologias digitais, vemos os robôs tomarem os lugares dos operários, os sistemas informáticos analisarem e gerenciarem operações logísticas, programas dotados de inteligência artificial aprenderem sobre nossos hábitos e nos recomendarem produtos, filmes, músicas… Olhamos para a escola e bem… Ela não está preparando ninguém para esse mercado de trabalho.
No Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre educação para o século XXI, apresentou-se os 4 pilares da educação deste século: Aprender a conhecer; Aprender a fazer; Aprender a viver juntos e Aprender a ser. Tais princípios buscam justamente ressignificar a educação, tornando o aprendizado voltado às habilidades e competências humanas, aquelas que as máquinas não serão capazes de realizar e sem as quais, as tecnologias são usadas de forma inconsciente.
A educação precisa voltar a ser artesanal, produzida individualmente, manualmente, humanamente e lentamente. Só um trabalho artesanal pode desenvolver estes 4 pilares, assim seremos capazes de criar adultos aprendentes, que serão capazes de lidar com esse desenvolvimento tecnológico acelerado e usá-lo ao seu favor e do mundo.